terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Ídolo das Origens

Antes de ser fuzilado pelos nazistas o historiador Marc Bloch questionou o que chamou até de “obsessão” dos historiadores: o ídolo das origens. Isto foi na década de 40 do século passado, mas até hoje esta “obsessão” está presente e especialmente partilhada: uma ânsia de saber dos inícios, do começo, dos primórdios.
No caso da homossexualidade feminina este ícone tem um nome tão profundo que gerou um termo definidor de uma prática e de uma categoria de pessoas: Safo de Lesbos.

Entretanto isto não explica nada porque uma das maiores dificuldades da história da sexualidade feminina é mesmo contar esta história. O que existe é um monte de lacunas. Se já é difícil refazer a trajetória da vida em tempos antigos, entender outros hábitos e comportamentos com poucas fontes, muito mais ainda isto se dá quando falamos das relações íntimas femininas.
O que acaba acontecendo sobre a homossexualidade feminina ocidental é partirmos das referências religiosas e médicas. A queima dos textos da poetisa Safo, os processos da Inquisição, a literatura médica tentando identificar comportamentos e anatomias, são exemplos das fontes utilizadas para recontar esta história. É uma história ao avesso. Feita pelo que se disse sobre e que tem seu registro porque era visto com estranheza, como anomalia, desvio ou indecifrável por pura ignorância.
E esta ilha maravihosa, montanhosa e paradisíaca passou a ser vista como berço da homossexualidade feminina. Fica no Mar Egeu.

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