sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobre o casamento gay

A escritora Matha Medeiros escreveu esta semana em sua coluna dominical da Revista O GLOBO sobre o casamento gay com toda a delicadeza possível para os milhares de leitores que tem. Procurou não enfatizar visivelmente o termo "casamento", destacou sobretudo a liberdade de cada um viver como queira e criticou o preconceito .


No mesmo jornal, neste mesmo domingo, dia 1° de agosto, havia uma entrevista com o estranho John Waters. Cineasta, escritor e diferente de tudo por natureza, no Segundo Caderno se destacou uma frase sua:

"Hoje todo gay quer casar.Quando eu era jovem, ser gay significava comemorar a liberdade de não ter filhos,
não entrar no Exército por livre e espontânea vontade e
não precisar casar."


Disse esta figura adorável com 64 anos hoje.


Não conheço John Waters, não sou de sua idade nem norte americana mas me lembro bem que quando me entendi por gente o que eu não queria era obedecer aos padrões da sociedade moral burguesa classe média baixa suburbana que eu vivia. Isto significava ser uma mulher independente, fazer minhas escolhas profissionais, ter liberdade de ir onde quisessse, escolher ter filhos ou não e especialmente não me submeter a vontade de nenhum parceiro. Este desejo unia um pessoal meio estranho que não se enquadrava no modelo de comportamento vigente. Ser gay ou não era um item pessoal neste roll de desejos mais gerais.

Hoje levanto a bandeira do casamento gay porque desejo o respeito às escolhas, como levantou Martha Medeiros( o respeito às escolhas, seja dito!). Entendo também que se queira os direitos civis e a opção da adoção como casal. Mas também continuo não querendo viver padrões e este continua sendo o meu guia. Gostaria sim que a ênfase da discussão fosse mais o direito e menos a instituição casamento que venhamos e convenhamos no modelo tradicional já ruiu há tempos...Parabéns à luta pelo divórcio, que garantiu às mulheres principalmente o direito à emancipação do seu tutor-marido. Parabéns a tantas mulheres que ao se divorciarem saíram deste padrão casamento indissolúvel e foram viver suas vidas de forma independente, criando seus filhos e construindo relacionamentos mais reais baseados no amor. Parabéns ao amor que hoje não precisa se casar para demostrar que existe. Parabéns às idéias de casamento que significam companheirismo, verdade, prazer, muito prazer em estar junto. Seja em casa diferente, seja em casa compartilhada, seja com ou sem filhos, seja de duas mulheres, de dois homens ou de sexos opostos. E Evoé aos relacionamentos que mantém a verve do interesse de um pelo outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário